Somos capazes de moderar aquilo que sentimos, alterando a leitura que fazemos
A cada dia, a cada momento, a cada segundo somos confrontados com a realidade. Podemos considerar que a nossa existência se baseia num aglomerado de segundos, que nos proporcionam momentos e experiências. Momentos mais duradouros, momentos mais efémeros, no entanto tudo se baseia na experiência de viver a realidade, de experienciar o mundo que nos rodeia. Aquilo que vivemos, as experiências que temos vão contribuindo de forma inequívoca para aquilo que somos.
Contudo, convém perceber que o ser humano é um ser único, fascinante e altamente complexo. Com frequência, podemos conversar com duas pessoas que viveram exatamente a mesma experiência, porém a forma como a reproduzem e a integram pode ser totalmente diferenciada. Mas afinal, porque é que pessoas que passaram exatamente pela mesma vivência, que até podem ter experienciado, na companhia um do outro, no mesmo momento, irão relatar os mesmos acontecimentos de forma diferente? Porque é que irmãos, com acesso ao mesmo tipo de educação e com o mesmo tipo de trajetórias de vida, podem relatar uma mesma vivência, atribuindo-lhe significados distintos? Na eterna discussão da personalidade v.s. ambiente vai entrar um construto que conjuga um pouco dos dois e que nos poderá permitir entender de uma forma mais clara esta questão.
Na verdade, o fundamental de tudo isto, não passa pela realidade, mas pela leitura que cada um de nós fará desta. Muito daquilo que sentimos, daquilo que experienciamos, passa efetivamente pela forma como lemos a realidade e o mundo que nos rodeia. É possível que o medo que sintamos, a ansiedade que vivemos, a alegria que experimentamos em diferentes momentos da nossa vida, mais não seja que esta interpretação que fazemos. Por este motivo, podemos considerar que somos capazes de moderar aquilo que sentimos, alterando a leitura que fazemos.
Dr. José Garrett - Psicólogo e Coach em saúde & bem-estar